quarta-feira, 20 de maio de 2020

Futebol paraibano completa dois meses de paralisação; relembre o que aconteceu nesse período:

Era por volta das 22h15 do dia 18 de março, quando Botafogo-PB e Sousa deixaram o gramado do Estádio Almeidão, em partida atrasada da quarta rodada do Campeonato Paraibano. Ambos levavam consigo um ponto conquistado no empate em 1 a 1. E, mais do que isso, aqueles jogadores foram protagonistas da última partida oficial do futebol brasileiro antes da suspensão do calendário, motivada pela pandemia do novo coronavírus no Brasil.

A principal praça esportiva da capital paraibana não contou com a presença de torcedores naquela noite. Além disso, no mesmo dia, a Federação Paraibana de Futebol (FPF) emitiu um documento paralisando o estadual da 1ª divisão, norma que entraria em vigor no dia seguinte. Desde então, são dois meses sem jogos oficiais, isso tudo num cenário de muita incerteza, tendo em vista que os casos da Covid-19 só aumentam em todo o país.

Naquela primeira semana, muitos clubes ainda estavam com suas atividades funcionando normalmente. Porém, o São Paulo Crystal foi o primeiro a paralisar os seus trabalhos, liberando todo o departamento de futebol antes mesmo do comunicado oficial da FPF se tornar público. Em seguida, os demais times também optaram pela suspensão dos treinos. O último foi o CSP, que ainda realizou algumas atividades antes de parar de vez.
 

Botafogo-PB e Sousa disputaram o último jogo oficial do futebol brasileiro neste ano, em 18 de março — Foto: Nádya Araújo / Botafogo-PB
2 de 11 Botafogo-PB e Sousa disputaram o último jogo oficial do futebol brasileiro neste ano, em 18 de março — Foto: Nádya Araújo / Botafogo-PB

Botafogo-PB e Sousa disputaram o último jogo oficial do futebol brasileiro neste ano, em 18 de março — Foto: Nádya Araújo / Botafogo-PB
A única certeza por parte das equipes até aquele momento era que a maioria concordou em concluir o Campeonato Paraibano da 1ª divisão quando fosse possível realizar jogos de futebol.
 
Com as medidas impostas pelo Governo do Estado e seguidas pelas prefeituras municipais, os clubes começaram a promover atividades para os seus atletas em domicílio. Ou seja, cada jogador fazia o seu trabalho físico na sua própria casa. Enquanto isso, as equipes utilizaram as suas redes sociais para apresentar uma série de cuidados para que os torcedores combatessem a disseminação do vírus durante o isolamento.
 
As postagens se baseavam na higiene pessoal, como lavar bem as mãos com sabão, e também utilizar álcool em gel, evitar o contato das mãos com boca, nariz e olhos, além do uso de máscaras, se fosse necessário.
 
Nesse período, clubes como Nacional de Patos e Treze ofereceram os seus centros de treinamento para que as autoridades utilizassem como hospitais de campanha. Além disso, o próprio Governo da Paraíba avaliou transformar as praças esportivas pertencentes ao Estado em locais para o tratamento dos infectados com a Covid-19.



CSP foi o último time da Paraíba a paralisar os treinamentos — Foto: Cisco Nobre / GloboEsporte.com
3 de 11 CSP foi o último time da Paraíba a paralisar os treinamentos — Foto: Cisco Nobre / GloboEsporte.com

CSP foi o último time da Paraíba a paralisar os treinamentos — Foto: Cisco Nobre / GloboEsporte.com

Dura realidade


O tempo foi passando e a batalha sanitária foi mostrando como o vírus é realmente forte. Afinal, a doença foi avançando ainda mais na Paraíba, assim como em todo o país. Com tudo isso, o mundo do futebol ficou ainda mais prejudicado. Como o esporte é coletivo e tem muito contato, é completamente inviável a sua realização, já que evitar aglomerações é um dos principais meios para conter a propagação da doença. Ainda mais em meio a uma crescente acentuada da doença.
Por causa disso, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou um auxílio financeiro para alguns dos seus clubes filiados. Foram R$ 19 milhões sendo distribuídos para federações, equipes das séries C e D do Campeonato Brasileiro, além das séries A1 e A2 do Brasileiro de Futebol Feminino.


Auxílio da CBF ajudou clubes como o Auto Esporte, que está na disputa a Série A2 do Brasileiro de Futebol Feminino — Foto: Paulo Ferreira / Auto Esporte
4 de 11 Auxílio da CBF ajudou clubes como o Auto Esporte, que está na disputa a Série A2 do Brasileiro de Futebol Feminino — Foto: Paulo Ferreira / Auto Esporte

Auxílio da CBF ajudou clubes como o Auto Esporte, que está na disputa a Série A2 do Brasileiro de Futebol Feminino — Foto: Paulo Ferreira / Auto Esporte,
 
Na Paraíba, Botafogo-PB e Treze, da Série C do Brasileirão, receberam R$ 200 mil cada, enquanto Atlético de Cajazeiras e Campinense, da Série D, foram auxiliados com R$ 120 mil cada. O Auto Esporte, clube que disputa a Série A2 do Brasileiro de Futebol Feminino, recebeu R$ 50 mil.
 
Por fim, a FPF foi auxiliada com R$ 120 mil. A entidade dividiu esse valor, ofertando R$ 10 mil para cada clube da elite do futebol paraibano, além de R$ 10 mil para o pagamento dos árbitros do estadual. O restante foi destinado para quitar os gastos da própria federação.
 
Com o passar dos dias, o problema foi afetando gravemente a saúde financeira dos clubes. Nem mesmo o Botafogo-PB, tricampeão paraibano e dono da maior folha da Paraíba, conseguiu segurar as pontas. O clube pensou numa forma de manter o equilíbrio sem desamparar os atletas. E a medida tomada foi a de reduzir o salário dos jogadores em 25%, além de dar férias coletivas de 30 dias.
 
 

O Botafogo-PB suspendeu os contratos de alguns profissionais e reduziu os salários dos atletas em 25% — Foto: Vitor Oliveira / GloboEsporte.com
5 de 11 O Botafogo-PB suspendeu os contratos de alguns profissionais e reduziu os salários dos atletas em 25% — Foto: Vitor Oliveira / GloboEsporte.com

O Botafogo-PB suspendeu os contratos de alguns profissionais e reduziu os salários dos atletas em 25% — Foto: Vitor Oliveira / GloboEsporte.com
Além disso, o Belo se utilizou da Medida Provisória 936/2020, do Governo Federal, e suspendeu os contratos dos funcionários do clube. Quem recebe até R$ 1.800 vai garantir essa verba pelo auxílio governamental. Já quem recebe mais, além do auxílio, o clube mesmo é quem vai completar as finanças. Contudo, diante da incerteza, o Botafogo-PB entende que, após o mês de maio, o cenário vai ficar bem complicado.
 
Outro time que utilizou a MP 936 do Governo Federal foi o Campinense, que suspendeu os contratos de todos os funcionários. O clube, no entanto, não foi claro sobre a porcentagem do valor salarial dos profissionais.
 

O Campinense, comandado pelo presidente Paulo Gervany, também suspendeu os contratos de funcionários pela MP 936/2020 — Foto: Reprodução / TV Paraíba
6 de 11 O Campinense, comandado pelo presidente Paulo Gervany, também suspendeu os contratos de funcionários pela MP 936/2020 — Foto: Reprodução / TV Paraíba

O Campinense, comandado pelo presidente Paulo Gervany, também suspendeu os contratos de funcionários pela MP 936/2020 — Foto: Reprodução / TV Paraíba
Enquanto o caos financeiro estava em evidência, boa parte dos clubes também se preocupou em não perder o contato com o seu torcedor. Várias equipes promoveram entrevistas ao vivo nas redes sociais oficiais, além da veiculação de séries e até mesmo de jogos históricos.
 
O Treze, por exemplo, lançou a série Galo Inesquecível, programa dividido em episódios, que mostrou a saga alvinegra em vários momentos marcantes. O Botafogo-PB e o Campinense, completando o Trio de Ferro, decidiram exibir partidas marcantes. No Belo, a pedida foi o tricampeonato do Paraibano, conquistado nos anos de 2017, 2018 e 2019. Já a Raposa ainda vai transmitir o título paraibano de 2015, que veio no ano do centenário, além da Copa do Nordeste de 2013, uma conquista que, até hoje, é inédita para a Paraíba.
 

Galo Inesquecível foi a saída que o Treze encontrou para manter a interação com os seus torcedores — Foto: Reprodução / TR13
7 de 11 Galo Inesquecível foi a saída que o Treze encontrou para manter a interação com os seus torcedores — Foto: Reprodução / TR13
Galo Inesquecível foi a saída que o Treze encontrou para manter a interação com os seus torcedores — Foto: Reprodução / TR13
Mas, sem sombra de dúvida, os casos mais graves foram mesmo os do Sport Lagoa Seca, que disse não ter mais condições de manter o elenco, além dos do Sousa e do Nacional de Patos, que também dispensaram os seus times. O São Paulo Crystal, que já via de perto o fim dos vínculos com os seus atletas, disse que espera recontratar os jogadores quando tudo isso passar.
 
Durante esses meses, também existiram falas controversas de dirigentes. O presidente do Campinense, Paulo Gervany, por exemplo, disse que, com ressalvas, era possível retomar o Campeonato Paraibano neste mês de maio. Contudo, diante dos números alarmantes divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado, a ideia ficou mesmo apenas na cabeça.
 
Já Walter Cavalcanti Júnior, mandatário do Treze, desejava a volta do futebol com a presença de público. O dirigente entende que os clubes dependem da receita dos seus torcedores, o que realmente é compreensível. No entanto, nem mesmo a sugestão para a volta do Paraibano para o mês de junho se sustentou, ao menos por enquanto. Afinal, a curva no Brasil não dá mostras de queda, diferentemente de muitos país do continente europeu, em que os clubes já estão retomando os treinamentos, além da Alemanha, que reiniciou o campeonato nacional.

E a FPF?


O impacto também atingiu a Federação Paraibana de Futebol, que afirmou que busca maneiras de viabilizar o restante do calendário no período pós-isolamento social. Uma das medidas estudadas é priorizar os campeonatos profissionais, ou seja, a conclusão da 1ª divisão, a realização da Segundona, abrindo mão dos estaduais das categorias de base. O Paraibano de Futebol Feminino, como é o último do calendário, pode não ser afetado. A sugestão da CBF, inclusive, é a de repetir os campeões do ano passado para definir os representantes do estado em futuras competições de base nacionais.
 
 

Federação Paraibana de Futebol em reunião com dirigentes dos clubes da elite do futebol paraibano — Foto: Reprodução / TV Cabo Branco
8 de 11 Federação Paraibana de Futebol em reunião com dirigentes dos clubes da elite do futebol paraibano — Foto: Reprodução / TV Cabo Branco
Federação Paraibana de Futebol em reunião com dirigentes dos clubes da elite do futebol paraibano — Foto: Reprodução / TV Cabo Branco
A FPF também cogitou utilizar uma única sede para dar sequência ao Campeonato Paraibano, além dos protocolos de segurança da CBF para combater a propagação do vírus. A ideia não foi tão bem aceita assim, apesar de alguns concordarem. Nesse cenário, o presidente do São Paulo Crystal, Múcio Fernandes, chegou a oferecer o Carneirão, em Cruz do Espírito Santo, como o palco único da reta final do estadual.
 

Competições de base, como o Paraibano Sub-19, podem não acontecer nesta temporada — Foto: Ramon Smith / Perilima
9 de 11 Competições de base, como o Paraibano Sub-19, podem não acontecer nesta temporada — Foto: Ramon Smith / Perilima
Competições de base, como o Paraibano Sub-19, podem não acontecer nesta temporada — Foto: Ramon Smith / Perilima
Esse período também serviu para clubes como Botafogo-PB, Campinense e Treze fazerem feio na questão da transparência. É que dia 30 de abril foi o prazo final para que as equipes divulgassem os balanços financeiros referentes ao ano de 2019. Nenhum dos três grandes do estado fez a divulgação, descumprindo o regulamento da Lei Pelé. Lembrando que o não cumprimento do dispositivo pode acarretar problemas sérios para os dirigentes que ocupam os cargos.

Nos tribunais...


O Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol da Paraíba (TJDF-PB), em março, também decidiu pela paralisação das atividades. A princípio, a suspensão iria até o início de abril, mas foi sendo prorrogada até o último dia 11 de maio, quando os trabalhos foram retomados de forma remota. Com isso, os processos serão julgados por videoconferência, com todos os auditores realizando as suas intervenções de casa.



Sessões que antes eram na sede do TJDF-PB, agora são realizadas de forma remota — Foto: Raniery Soares / Jornal da Paraíba
10 de 11 Sessões que antes eram na sede do TJDF-PB, agora são realizadas de forma remota — Foto: Raniery Soares / Jornal da Paraíba
Sessões que antes eram na sede do TJDF-PB, agora são realizadas de forma remota — Foto: Raniery Soares / Jornal da Paraíba

Expectativa era para a volta dos treinos em maio


No Brasil e na Paraíba, muitos esperavam que os clubes retomassem os treinamentos na segunda quinzena de maio, o que possibilitaria uma volta das competições no mês de junho. Todavia, o período esperado chegou e não existe a menor possibilidade para isso acontecer. Inclusive, órgãos de saúde não enxergam necessidade para arriscar jogadores, comissões técnicas e outros profissionais que englobam a atividade num momento em que o Estado está próximo de um colapso no sistema de saúde.
 
Coronavírus é algo sério, por isso interrompeu o esporte por todo o mundo — Foto: Infografia

 Coronavírus é algo sério, por isso interrompeu o esporte por todo o mundo — Foto: Infografia

Diante disso, clubes e a própria FPF adotaram um tom de incerteza. O fato é que não há condições de retomada. E, como o país é enorme, existe a possibilidade de alguns estados conseguirem controlar o avanço da doença antes de outros.
 
Em solo paraibano, já são dois meses sem a bola rolar, algo que deve permanecer por um bom tempo. No último balanço divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde, a Paraíba possui 4.786 casos confirmados e 207 mortes pelo novo coronavírus.
 
 
Globo Esporte PB
 

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