sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A emocionante chegada de Neto ao Brasil, último sobrevivente da tragédia da Chapecoense. A dor do zagueiro torna mais revoltante a atitude de vários dirigentes do país. Eles estão oferecendo seus piores jogadores para a Chapecoense montar um novo time. Canalhas!

Só quem não tem um pingo de humanidade, respeito ao ser humano não chorou ao ver a chegada de Neto a Chapecó. Era final da noite de ontem e o último sobrevivente da maior tragédia esportiva mundial voltou ao Brasil.
Se restabelecendo de uma infecção pulmonar, ele só não ficou paraplégico por conta de uma placa de titânio, de 48 milímetros de altura, e 4 de espessura. Foi colocada no corpo do jogador no dia 23 de maio, para fixar uma hérnia cervical traumática provocada por um golpe em suas costas no dia 24 de fevereiro, na vitória por 3 a 0 sobre o Metropolitano. Ele amorteceu o impacto da queda na coluna.

É um milagre Neto estar vivo. O último registro da aeronave no ar apontava 2.743 quilômetros quando caiu. Sem combustível suficiente para chegar ao aeroporto de Medellin, por irresponsabilidade do dono e piloto da aeronave, Miguel Quiroga. Perdeu altura e bateu um morro, matando 71 pessoas. O impacto foi violentíssimo, a aeronave se despedaçou.
Na área onde o avião caiu é úmida, fria, cheia de lama. Não havia luz. O resgate foi dificílimo. Neto ficou oito horas debaixo dos escombros, até que foi encontrado, graças aos seus pedidos de socorro. Ele estava em estado de choque.

Neto sofreu traumatismo craniano e pancada fortíssima no tórax, além de vários cortes pelo corpo. Teve uma infecção grave pulmonar. Os médicos colombianos fizeram um trabalho impecável para preservar sua vida.

A primeira reação de Neto ao recuperar a consciência foi perguntar o que aconteceu na final da Sul-Americana. O que teria acontecido com ele, para ter se machucado tanto. Não tinha a menor noção que o avião havia caído e ele tinha perdido seus queridos companheiros. Psicólogos levaram três dias até contar a ele sobre a tragédia.

Neto terá de se recuperar fisicamente e psicologicamente.
Ao chegar no aeroporto, amigos e parentes cantaram o coro de 'o campeão voltou', mesmo coro reservado aos caixões que foram velados na Arena Condá, que traziam os corpos dos jogadores da Chapecoense.

Fazendo um grande sacrifício, Neto conseguiu acenar. Ele está muito debilitado. Embora nenhuma parte fundamental do corpo tenha sido afetada, é impossível afirmar se o jogador de 31 anos voltará a ter forças para jogar. O importante é que está vivo.

Diante da chegada de Neto também foi impossível não ser dominado por um sentimento de revolta. Porque nesta mesma quinta-feira, Vagner Mancini deu sua primeira entrevista como treinador escolhido para remontar a Chapecoense para 2017. E ele escancarou a hipocrisia, a mentira, a solidariedade enganadora dos dirigentes dos clubes do Brasil. Vários deles conseguiram ser canalhas até nesta hora de tanta consternação.

"O que aconteceu na verdade é que muita gente, após o acidente, ofereceu ajuda até com atletas sendo pagos, mas na prática isso não tem acontecido. Não podemos ser injustos porque algumas equipes têm dedicado muito tempo à Chapecoense e exaltamos isso, mas algumas outras equipes, não. Existe uma grande diferença entre ajudar cedendo atletas com salário pago nesse momento difícil da Chapecoense, e existe um outro ponto que é oferecer aqueles atletas que você não quer no seu elenco.

"Há uma bela diferença... você resolver seu problema: "tenho sete ou oito jogadores que não vão ficar para 2017, e esses ofereço à Chapecoense". Não foi isso que entendemos lá trás. Lógico que todo mundo tem liberdade e não vamos alongar isso, mas eu gostaria sinceramente que essa ajuda viesse do coração."

Sim, é isso mesmo. Houve uma unanimidade entre os clubes brasileiros, assim que ficou constatada a tragédia com a Chapecoense. Dirigentes mostraram uma incrível união. Avisaram aos quatro cantos que iria ajudar o clube catarinense.

Todos, sem exceção, fizeram suas homenagens. Colocaram o escudo verde no uniforme, usaram as redes sociais para escrever mensagens de apoio. "Força, Chape", era o mantra. Dirigentes falavam em dar uma alforria de três anos sem rebaixamento, para dar tempo à Chapecoense voltar a ser forte.
E fizeram a promessa que cederiam jogadores gratuitamente ao time. Mas Mancini revelou que, até nesta hora terrível, existem os aproveitadores. Clubes que estão tentando empurrar atletas que não renderam, mas com contratos longos. São esses os ofertados. Sem a garantia de a equipe 'dona' do atleta, seguir pagando salários.

A decepção com os jogadores oferecidos já estava vindo à tona desde quarta-feira. Mas se tornou real ontem com a entrevista de Mancini. Depois do acidente, sobraram apenas nove atletas à Chapecoense. Oito, com contratos terminando, no final deste mês.

O time jogará Campeonato Catarinense, Libertadores, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Copa Suruga Bank, Troféu Joan Gamper, Copa Euroamericana e o Brasileiro. Será um trabalho insano montar o elenco partido de apenas um atleta. Daí a crueldade antropofágica dos outros times da Série A. Impossível que não possam ceder um ou dois atletas com potencial. Só que, sem as câmeras, a solidariedade sumiu.

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Nos próximos dias ficará fácil identificar quem realmente se dispõe a ajudar a Chapecoense.

Os dirigentes daqui não despertam a confiança em ninguém.

Mas chegaram a um nível desprezível.

Que a lista de jogadores ofertados se torne pública.

Os hipócritas sejam desmascarados.

E que Neto, Alan Ruschel e Jackson Follman se recuperem.

Não como jogadores, mas como seres humanos.

Follman, nunca mais voltará a atuar, já que teve uma perna amputada.

Enquanto o Brasil lamenta pela Chapecoense...

Canalhas hipócritas fingem ser altruístas.

E são incapazes de agir como prometeram.

Oferecendo seus piores jogadores.

Refugos.

É uma vergonha.

Nem na pior tragédia, esses canalhas agem como homens de caráter.

Não conseguem.

E nem querem.

Atitudes como essas explicam a necessária e interminável Lava Jato.

Índole é artigo raro neste país chamado Brasil.

512 A emocionante chegada de Neto ao Brasil, último sobrevivente da tragédia da Chapecoense. A dor do zagueiro torna mais revoltante a atitude de vários dirigentes do país. Eles estão oferecendo seus piores jogadores para a Chapecoense montar um novo time. Canalhas!

Canalhas!!!

Blog Cosme Rímolli 

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