quarta-feira, 15 de abril de 2020

"Não respeitaram as ordens", diz ex-técnica da seleção feminina sobre caos no Equador:

Coronavírus: Equador recolhe 700 corpos de pessoas que morreram em casa

Quatro meses após aceitar desafio de levar à seleção equatoriana ao Mundial, Emily Lima relata como o país está reagindo a Covid-19: “Se sai sem a autorização, paga multa e vai para a prisão".

 
Caminhões do Instituto Médico Legal atravessam as ruas. Em Guayaquil, no Equador, eles recolhem centenas de corpos, deixados nas casas e calçadas da cidade que se tornou o epicentro da pandemia causada pela Covid-19 no país. Foram mais de 700, só nas últimas semanas. Por conta do novo coronavírus, sair de casa sem autorização está sujeito à multa e prisão. Trancada na residência onde mora, a técnica Emily Lima olha a televisão de casa e mal consegue acreditar que o desafio de levar o Equador à Copa do Mundo de 2023 ganharia contornos de filme de ficção científica.
 
Quatro meses após aceitar a missão, ela vê aquela que considera ser a melhor fase da carreira, em espera. De quarentena no povoado de Cumbayá, em Quito, a técnica está a 400km de Guayaquil. Vive semanas de choque no país, e o medo de que a capital ganhe o mesmo cenário caótico. Porque o Equador enfrenta o colapso do sistema de saúde menos de dois meses após o primeiro caso confirmado na região, em 29 de fevereiro.
“As pessoas estão tirando os corpos de dentro de casa. Muitas das vezes colocando na calçada, porque não têm mais lugares onde levá-los. Aí o IML passa e vai pegando um atrás do outro, colocando naqueles sacos pretos. É muito mais em Guayaquil, do que em qualquer outro lugar do Equador. Mas isso está chocando muito as pessoas aqui.”

 
Na América do Sul, o número de mortes do Equador está atrás apenas do Brasil, que tem 1.124. São 333 vítimas fatais da Covid-19 confirmadas. O que acontece é que, além dessas, o país tem mais 384 suspeitas. São pessoas que foram registradas na OMS como possíveis vítimas, mas não passaram por teste em vida ou autópsia após a morte. Uma realidade difícil de ver nos números, mas que se reflete no rápido aumento do número de vítimas no país.
Em Guayaquil, mais populosa que a capital Quito, com cerca de 2,291 milhões de habitantes, há ainda o agravante de como a população viveu as primeiras semanas da pandemia, conta Emily.
"As pessoas não respeitaram as ordens ditas pelo presidente e pelo Ministério da Saúde. Acharam que era algo que iria passar e continuou funcionando a cidade normalmente. As coisas foram acontecendo, aumentando, pessoas morrendo e foi quando se deram conta da gravidade da situação."

 
O cenário fez com que o Governo aumentasse a rigidez da quarentena. O uso de máscara tornou-se obrigatório nas ruas, e saídas são permitidas apenas com autorização. Há quase um mês, no dia 17 de março, o Equador declarou estado de exceção e obedece também a um toque de recolher. O que faz com o horário da manhã seja o único em que Emily pode circular para hospitais, mercados ou farmácias.
“Se você sai sem a autorização, paga multa e vai para a prisão. Saiu de casa, tem que usar máscara. Se não, também é multa, 100 dólares e cadeia. O toque de recolher começou às 19h, mas como as pessoas não obedeceram, passaram para as 16h e, agora, para as 14h. Então, das 14h às 5h, ninguém pode sair na rua.”

A técnica trabalhava com treinos em dois períodos, reuniões com a coordenação da Federação do Equador, e acompanhamento semanal de jogos e treinos nos clubes. Ela precisou adaptar. À distância, mantém contato com a comissão e conta com o monitoramento da preparação física junto às atletas do Sub-17 e Sub-20, uma vez que a projeção era de começar a trabalhar com o profissional a partir de junho. Em quatro meses, a rotina planejada por Emily Lima virou outra.
"Sou uma pessoa muito ativa, gosto de trabalhar, gosto de me movimentar. E é um choque bastante grande. Mudou de água para o vinho, de quando nós estávamos aqui em janeiro e um pouco de fevereiro."

Sob o desafio de selecionar as melhores atletas em um país ainda embrionário no futebol feminino, Emily vivia a expectativa do início da Liga Feminina nacional, marcada para 7 de março. Mas a bola nem sequer chegou a rolar para a competição, que teve a primeira edição "profissional" no ano passado, ainda que muitos clubes não funcionem dessa forma.
A realidade se justifica. Não à toa que, chegar à Copa de 2023 seria apenas o segundo Mundial feminino da história do Equador. No primeiro, classificou-se para o Canadá, em 2015, quando perdeu para Camarões, Suíça e Japão, e deixou o torneio sem pontuar. Enfrentar os dias pela frente, portanto, é o que Emily precisa para, em três anos, poder fazer história pelo futebol feminino no país. E ela sabe disso.
 
- No futebol, claro que as coisas podem acontecer imediatamente, mas o mais seguro é que você tenha tempo para trabalhar. Ainda mais em um país onde o futebol feminino está iniciando. Para mim é o melhor momento da minha carreira como treinadora. O momento é difícil, mas temos que nos adaptar. É muito grave e não podemos achar que não é, sair e acabar prejudicando outras pessoas. Temos que ser responsáveis.
 
Globo Esporte
 

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