Mas o atacante brasileiro, camisa 11 do Barcelona, uma das pontas de um tridente histórico de 120 gols na temporada, pode fazer mais do que isso. Com o título do Barcelona, ele coroaria a maior participação de um jogador brasileiro na história do mais prestigiado torneio interclubes europeu.
Os jogadores brasileiros tiveram participação importante em algumas das edições dos 60 anos da Copa dos Campeões Europeus - o primeiro campão como titular foi Canário, um dos cinco atacantes do Real Madrid pentacampeão em 1959-60, ao lado de Puskas, Di Stéfano, Gento e Del Sol.
Nas duas últimas décadas, a participação brasileira ficou ainda mais intensa. Em 2001-02, foi de Roberto Carlos o cruzamento para o golaço de Zidane, que deu o nono título europeu ao Real Madrid contra o Bayer Leverkusen; em 2002-03, o goleiro Dida pegou três pênaltis na disputa contra a Juventus; em 2005-06, Beletti saiu do banco para ser o herói improvável do título do Barcelona contra o Arsenal.
Mas nenhum deles, em nenhuma destas edições, foi tão decisivo ao longo da campanha do time como o Neymar de 2014-15.
O único precedente que ainda supera participação de Neymar nesta temporada é Kaká, em 2006-07, ano em que foi campeão e artilheiro pelo Milan, com 10 gols, sendo cinco deles no mata-mata.
Neymar tem 9 gols na atual edição do torneio, está a apenas um dos artilheiros Messi e Cristiano Ronaldo.
E, na fase eliminatória, ninguém marcou mais vezes que o brasileiro. Foram seis gols - três contra o PSG, nas quartas de final, e três contra o Bayern de Munique, na semifinal. Luis Suárez marcou quatro; Messi fez apenas dois na fase decisiva.
Romário, por exemplo, chegou ao PSV em 1988, quando o time já era campeão europeu, mas nunca mais repetiu o feito - em 1994, perdeu a final para o Milan, por 4 a 0.
Ronaldo, um dos ídolos de Neymar, também encerrou a carreira sem o mais prestigioso título do continente, mesmo tendo defendido gigantes como Real Madrid, Barcelona, Milan e Internazionale. O mais perto que ele chegou foi em 2002-03, quando o Real Madrid perdeu para a Juventus na semifinal.
O grande momento de Neymar é reconhecido pelos companheiros de equipe e pelo treinador. No começo da semana, em entrevista ao site da Uefa, Xavi Hernández, capitão do Barcelona, fez dois elogios de peso ao camisa 11. "Ele ainda será o melhor do mundo e é o cara que substituirá o Messi como protagonista do time no futuro", afirmou o veterano, que se despede do Barcelona neste sábado.
Na sexta-feira, ao ser questionado sobre quais os segredos da reconstrução do Barcelona, após momentos ruins nesta temporada, o zagueiro Gerard Piqué citou quatro jogadores: Neymar, Messi, Suárez e Iniesta. E completou: "Temos um timaço, um dos melhores da história deste clube".
Mesmo o treinador Luis Enrique, que não costuma individualizar suas avaliações, citou o brasileiro ao falar sobre o bom desempenho defensivo do time. "Temos Messi, que é o melhor do mundo, e temos Neymar e Suárez fazendo uma temporada espetacular. E todos eles ajudam o sistema defensivo, marcando a saída de bola", avaliou.
Neymar está a poucas horas de realizar seu sonho. Um sonho, que nem mesmo alguns dos meus ídolos - dele e de milhões de brasileiros - conseguiram realizar.