terça-feira, 31 de março de 2015

Sem torcida, dinheiro e qualidade, times pequenos patinam no Paulista

Maior tempo de preparação para os grandes e abismo financeiro fazem com que equipes menores praticamente não incomodem os rivais mais tradicionais neste ano

 
Os quatro maiores clubes de São Paulo viveram, neste último final de semana, uma situação pouco comum no Paulista deste ano. Com a derrota do Palmeiras para o RB Brasil, por 2 a 0, e o empate do Santos com o São Bento, em 2 a 2, foi a segunda vez que os grandes perderam quatro pontos para equipes do interior em uma mesma rodada - aconteceu antes na segunda, quando a Ponte Preta bateu o Verdão, e o Peixe não conseguiu vencer o Mogi Mirim.
Com exceção deste dois momentos, os enfrentamentos de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo com os pequenos têm sido de rara facilidade, mesmo em competições recentes. Ao fim da 13ª rodada, os quatro mais tradicionais perderam, juntos, apenas 18 pontos nesses confrontos. A esta mesma altura da competição, em 2014, a dificuldade era consideravelmente maior: as surpresas somavam 31 pontos roubados – há 10 anos, eram 37.



Se o abismo econômico é um argumento comum, mas que não chega a ser novo, uma mudança no calendário é citada para explicar a diferença vista dentro de campo nesta temporada. Há tempos que os grandes não tinham tantos dias de preparação antes da estreia no estadual.
Melhor campanha da competição deste ano, o Corinthians teve 27 dias de pré-temporada – que permitiram, inclusive, uma excursão aos EUA em janeiro – , enquanto que, em 2013, foram só 13 dias para acertar o time antes do primeiro jogo oficial. Invicta e já classificada, a equipe de Tite é líder geral do campeonato, com 35 pontos – quatro perdidos em empates com Ituano (1 a 1) e RB Brasil (0 a 0). Na edição passada, após 13 partidas, o clube do Parque São Jorge tinha sido batido por São Bernardo, Ponte Preta e Bragantino, além de uma igualdade com o Mogi Mirim. Com Mano Menezes no comando, ficaria fora do mata-mata.
– Evidente que (a campanha dos pequenos) está pior, é só ver os números. Acho que o tempo de preparação dos grandes fez a diferença, porque mais dinheiro eles sempre tiveram – afirma o técnico do Audax, Fernando Diniz.
Comandante do Santos, que perdeu apenas cinco pontos para equipes de menor tradição, Marcelo Fernandes concorda com a observação do colega de Osasco.
– Quando tínhamos uma pré-temporada de oito dias, os pequenos disparavam no campeonato (pela melhor forma física). Agora que deram ao menos 20 dias para os grandes, acontece isso aí, a parte técnica se sobressai – diz.
Para cartolas, dinheiro faz diferença
A visão de quem senta no banco é compartilhada também entre dirigentes dos clubes do interior, mas em segundo plano. Antes, para eles, pesam o bolso e a dificuldade de montar uma equipe para uma única competição atrativa na temporada – um torneio de, no máximo, 19 datas.
– O principal fator, que se agrava a cada ano, é a falta de calendário. Isso dificulta a montagem de um elenco que aceite disputar quatro meses de campeonato. Montar um time que chamamos de "aluguel" é uma missão árdua para quem dirige o futebol – afirma o diretor de futebol do Botafogo-SP, Fernando Henrique Gelfuso.
– Se um clube tem mais funcionários qualificados, uma estrutura boa, é por ter um poderio financeiro maior. Isso ajuda principalmente no momento de contratar jogadores – aponta o diretor-executivo do São Bernardo, Edgard Montemor.
A distância é muito grande nos orçamentos. O custo do elenco do São Bento é estimado em R$ 160 mil mensais, cerca de 5% do que o Santos, com a menor folha salarial entre os arquirrivais paulistas, paga a seus atletas – são R$ 3 milhões por mês, ainda que os direitos de imagem estejam atrasados.



Atual vice-campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, derrotado na final pelo Corinthians, o Botafogo também ataca o regulamento do Paulista e coloca a limitação à inscrição de 28 jogadores como um fator que joga contra os times do interior.
Estádios vazios
Essa equação que derruba o desempenho dos times pequenos no Campeonato Paulista também afasta os torcedores dos estádios do interior, mesmo quando essas equipes recebem a visita de um dos grandes.
O Corinthians enfrentou o Capivariano na 11ª rodada, a primeira visita do clube à cidade na região de Piracicaba. Além do gramado enlameado pela chuva, o que se viu foram arquibancadas vazias, apesar do apelo da partida. Somente 5.055 pessoas pagaram para ver a vitória alvinegra por 3 a 2.
Em alguns casos, o preço dos ingressos assusta os torcedores. A média de público do São Bento na A-1 (3.653 pagantes) é quase igual à que o time ostentou na segunda divisão, em 2014 (3.244 pagantes), mesmo recebendo em Sorocaba equipes da elite paulista. O tíquete médio, porém, praticamente triplicou de um ano para o outro: passou de R$ 14,96 a R$ 45 – uma estratégia da diretoria para arrebatar sócios, que têm descontos nos ingressos.
Em outras situações, entradas baratas não são suficientes para encher o estádio de um time com pouca identificação com a cidade, casos do Audax e do RB Brasil. O maior público no José Liberatti, em Osasco, é de 2.749 pagantes, contra a Portuguesa. Quando recebeu o São Bernardo, só 750 torcedores pagaram por ingressos. A média do time de Campinas era de míseros 984 pagantes por confronto até a 12ª rodada - contra o Palmeiras, primeiro grande a enfrentar em casa, o RB Brasil recebeu 7.355 torcedores, maioria alviverde.
– O que temos de repensar é essa fórmula do Campeonato Paulista. Ele não está atraindo as pessoas. Nós temos de tratar com seriedade, sem paixões, sem frescuras. Acho que esse modelo já deu. Estão trocando ingresso por garrafa pet vazia – critica o presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, citando ação da FPF (Federação Paulista de Futebol) que tenta elevar a presença de público nos estádios do interior do estado.
Montemor, do São Bernardo, aponta o preço dos ingressos, o nível técnico do torneio e até o atual cenário econômico do país com razões para o baixo interesse dos fãs do interior,

– Quando digo o preço, não é em relação ao valor em si. Um ingresso a R$ 100 pode não ser caro se você estiver assistindo ao jogo em uma arena com restaurante, lugar para sentar, banheiro adequado, acesso bom e opções de entretenimento. Agora, cobrar R$ 50 em um local que não tem nada é um absurdo. E sabemos que a maioria dos estádios não tem capacidade para receber o público de forma digna – completa o dirigente.
A média de público geral do Paulista aumentou em comparação com o ano passado. A edição de 2014 terminou com 5.675 pagantes por partida, enquanto que, neste ano, nos primeiros 129 jogos do torneio, a média é de 6.756 pagantes. Esse dado é inflado pelos números dos grandes, especialmente Corinthians e Palmeiras, que atuam em estádio recém-construídos e celebram programas de sócios-torcedores de sucesso. Considerados os jogos dos pequenos, essa média cai para 3.626 pagantes – uma ocupação de 36% num estádio para 10 mil pessoas, a capacidade mínima exigida pela Federação Paulista de Futebol para a disputa da elite estadual.


Globo Esporte

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