Atletas com passagem pelo time canarinho se organizam e divulgam diversos vídeos pessoais com declarações fortes contra a entidade máxima do futsal brasileiro
- Não concordo com nada do que está acontecendo. Já declarei e continuo declarando. Estou feliz em ser um dos puxadores dessa campanha, em benefício do esporte e do futsal. Não podemos aceitar o errado. Estamos brigando por uma gestão limpa, séria e que beneficie apenas o esporte. Eu, Neto, Rodrigo e Tiago estamos juntos desde o início desse episódio e vimos o absurdo do absurdo que está acontecendo. Nós atletas vamos comprar essa briga, porque só nos podemos mudar isso. Quanto mais a gente se fortalece a gente enfraquece essa chapa e essa gestão - comentou Falcão em seu vídeo.
O estopim para a revolta dos jogadores foi a aliança entre Marcos Madeira - candidato único à presidência da CBFS e ex-opositor - a Louise Bedé, integrante da atual diretoria e futura vice-presidente de competições. A união entre os dois grupos inviabilizou a candidatura de Nilton Romão, candidato apoiado pelos atletas. Enfraquecido politicamente, Romão desistiu de disputar a eleição, abrindo caminho para a vitória de Madeira na terça-feira. Em protesto com o acontecimento, a comissão técnica da seleção se reuniu e entregou o cargo na última segunda-feira.
- Oposição e atual administração juntas? Estou fora. Com esse cenário, não pretendo fazer parte da seleção brasileira, afinal aliar-se ao inimigo não faz parte da minha conduta. É uma decisão que até quando vai durar eu não sei - disse Neto, eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa, em 2012.
Este é o segundo boicote coletivo de jogadores à seleção brasileira de futsal no espaço de um ano. Em março de 2014, Falcão anunciou que não defenderia mais o time verde-amarelo por problemas de relacionamento com o diretor de seleções da CBFS, Edson Nogueira. Na ocasião, o jogador aproveitou para divulgar desmandos na administração da entidade, então presidida por Aécio de Borba Vasconcelos. Apoiado por Neto e Tiago, os principais atletas só voltaram a atuar pela seleção em setembro no amistoso contra a Argentina, no Mané Garrincha, jogo de maior público da história do futsal.
O boicote fez o grupo liderado por Marcos Madeira iniciar uma oposição à diretoria da CBFS. Em maio, Aécio teve a sua primeira derrota política, com a reprovação do balanço financeiro referente ao período entre novembro de 2012 e dezembro de 2013. Incapacitado de negociar contratos com estatais devido à reprovação das contas e envolvido em denúncias de corrupção e nepotismo, Aécio renunciou à presidência em junho.
Em seu lugar, assumiu Renan Tavares, que antes ocupava o cargo de vice-presidente de competições. Integrante da antiga diretoria, Louise Bedé assumiu a vice-presidência administrativa. Desde então, o grupo vinha sofrendo forte oposição de Madeira, até o mesmo aproximar-se de Louise nas últimas semanas. O fato revoltou jogadores, que não encontraram mais clima para continuar defendendo a seleção.
Renan Tavares poderia ocupar a presidência da CBFS até o fim de 2017, quando se encerraria o mandato de Aécio de Borba Vasconcelos. Por estar incapacitado de negociar contratos com estatais e sem patrocinador master na CBFS desde o fim de 2013, ele decidiu antecipar as eleições a fim de tentar melhorar o quadro. Participam da eleição da próxima terça-feira, na sede da CBFS, em Fortaleza, os presidentes das 27 federações estaduais filiadas. Com apoio quase total à sua candidatura, Madeira deve ser eleito por aclamação.
Globo Esporte