Camisa 12 lidera movimento de jogadores que reivindica mudanças no comando da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) e afirma que grupo está fechado
Marcada para o próximo dia 31 de março, a eleição à presidência da Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) terá candidato único. Apenas o presidente da Federação Mineira, Marcos Madeira, registrou a sua candidatura. Candidato apoiado por Falcão e pelos principais jogadores da seleção, Nilton Romão, o "Ramon", desistiu do pleito em protesto à aliança de Marcos Madeira com o grupo político do atual presidente da CBFS, Renan Tavares, que indicou uma de suas vices, Louise Bedé, para o cargo de vice-presidente de competições. A situação e indefinição sobre o futuro do futsal brasileiro irritam o maior craque da modalidade no Brasil, o ala Falcão.
– Da forma como foi montada e como está seguindo essa chapa, os atletas e os clubes estão fechados. A gente não concorda, pois pessoas que se digladiavam hoje estão juntas em benefício do poder e não irão acrescentar nada para o futsal. Nós estamos juntos. Assim como a comissão técnica declarou a saída, nós jogadores também não aceitamos e continuamos batendo o pé – desabafa o camisa 12.
Nesta segunda-feira, todos os membros da comissão técnica da seleção brasileira entregaram seus cargos. Com isso, o Brasil está sem treinador a um ano e meio do Mundial da Colômbia, uma vez que o técnico Serginho Schiochet comunicou que não continua à frente da seleção. Falcão afirma que os jogadores também não irão representar o Brasil sob comando de Madeira na CBFS.
– Eles estão brigando por um poder que não existe, querem a CBFS pelo poder e pela seleção brasileira. Possivelmente não vai haver Seleção brasileira. Estamos bem fechados quanto a isso, não sei qual o rumo que eles vão tomar e essa chapa poderia ser formada de outra forma. Os clubes não irão liberar jogadores e nós iremos tentar de todas as formas, via CBF, de puxar a seleção de alguma forma. Se não tiver jeito, vamos deixar eles se enforcarem até o fim – disse Falcão.
O camisa 12 está com o Sorocaba em Jaraguá do Sul onde, a partir desta terça-feira, inicia a disputa da Taça Brasil de Futsal.
ENTENDA O CASO
Atual presidente da CBFS, Renan Tavares poderia ocupar o cargo até o fim de 2017, quando se encerraria o mandato de Aécio de Borba Vasconcelos, destituído no ano passado. A antecipação das eleições se dá pelo fato de a entidade estar incapacitada de negociar patrocínios com empresas estatais, por conta da reprovação do balanço referente ao período entre novembro de 2012 e dezembro de 2013. Devido às dificuldades financeiras, a CBFS desistiu de organizar a Copa América, que aconteceria esta semana, em São Bernardo do Campo (SP).
Patrocinador master da seleção até o fim de 2013, os Correios não renovaram a parceria após a reprovação do balanço, já que a lei brasileira não permite que estatais patrocinem confederações esportivas que não estejam em dia com as suas contas. O máximo que a entidade conseguiu no ano passado foi fechar patrocínios pontuais para os compromissos da seleção. Assim foi noamistoso contra a Argentina no Mané Garrincha, em setembro, e no Grand Prix de Futsal, em novembro. Em ambas as ocasiões, os Correios estamparam sua marca na camisa brasileira, assinando contrato como patrocinador dos dois eventos.
Desde que assumiu o cargo, Renan tentou, de várias maneiras, aprovar o balanço reprovado. Em agosto do ano passado, a CBFS realizou nova assembleia que decidiu voltar atrás na decisão anterior e aprovar as contas referentes ao período entre novembro de 2012 e dezembro de 2013. No entanto, a reunião não contou com representantes das federações opositoras, o que fez com que o caso fosse parar na Justiça.
No mesmo mês de agosto, o juiz da 7ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza, Fernando Luiz Pinheiro Barros, concedeu liminar anulando a aprovação do balanço. Em dezembro, a CBFS conseguiuanular a liminar na 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, ficando apta a voltar a negociar com patrocínios. A alegria, no entanto, durou pouco tempo, já que a oposição contestou a validade da liminar, o mérito voltou a ser julgado e o balanço foi definitivamente reprovado pela Justiça.
Globo Esporte