quinta-feira, 25 de junho de 2020

Futebol amador na pandemia: times se ajustam à nova realidade financeira e citam sonhos adiados:

América Futebol Clube; Campeonato Amador de Uberlândia; campeão 2019 — Foto: Vilmar Silva/Garra Esportes

A pandemia do novo coronavírus afetou esporte em todos os aspectos. No futebol, não foi diferente. Enquanto o profissional retorna aos poucos no Brasil e no mundo, o amador vive de incertezas e segue sem data para tal.

Depois de conhecer a realidade de alguns jogadores amadores, a segunda matéria da série do GloboEsporte.com, que aborda o período sem jogos nos estádios e nos campos de terra batida, tanto no Triângulo Mineiro, quanto na Zona da Mata, analisa o novo amador pós-pandemia com dirigentes e treinadores.
 
De nova realidade financeira a sonhos interrompidos, passando por agremiações de base, adulta, veterana e feminina. Situações estas que vão além da alegria de torcer, jogar e disputar jogos aos finais de semana.

Nova realidade


Tamanha organização dos campeonatos amadores locais e regionais levou o futebol amador a outro patamar, principalmente no aspecto financeiro. Mas a pandemia pode, neste primeiro momento, provocar uma nova realidade. Com orçamento menor do que de anos anteriores, os times estão usando o jogo de cintura para negociar com os atletas.

América venceu o Floresta na final do Campeonato Amador de Uberlândia 2019 — Foto: Vilmar Silva/Garra Esportes
 
 No caso do América Futebol Clube, atual campeão da elite do Campeonato Amador de Uberlândia, a situação já se reflete na temporada 2020. Sem o início da competição prevista para junho, o presidente e treinador da equipe, Adão Costa, prevê orçamento reduzido quase pela metade.
 
– No América, cerca de 90% dos atletas são de outras cidades, então, além do pagamento, tem custo de transporte, etc. Os jogadores, que jogaram comigo ano passado, terão um valor pago a eles bem abaixo, e eles sabem disso.
"Acredito que vai ser uma redução de quase 50% para montar uma equipe competitiva", falou Adão.

O Santa Luzia, que também disputa a elite de Uberlândia, reajustará os valores oferecido aos jogadores. Mesclando experiência e juventude, até pelo trabalho de base consolidado, o presidente Fábio Júlio, o Fabão, aposta na fidelidade dos atletas ao projeto.

Santa Luzia aposta na confiança dos jogadores ao projeto para a temporada 2020 em Uberlândia — Foto: Santa Luzia/Divulgação

– Tenho os atletas inscritos aqui, conversei com todos. Se começar o campeonato, temos o time já. Mantivemos a base do ano anterior, mas vai depender dos jogadores também, porque não vamos ter aquele dinheiro todo para pagar o que poderíamos pagar. Graças a Deus, os jogadores estão fechados comigo e vão entender – disse Fabão.
 
No futebol feminino, as incertezas são ainda maiores com a pandemia. Sem patrocínio da iniciativa privada e do poder público, o time Divas Dom Almir, de Uberlândia, não remunera as atletas e se vira como pode para manter o projeto ativo há mais de sete anos.

Divas Dom Almir existe há mais de sete anos em Uberlândia — Foto: Divas Dom Almir/Divulgação
 
Com as competições amadoras de futebol de campo e de futsal canceladas, o técnico Alexsandro Damas tenta manter as meninas ativas e motivadas para uma possível retomada em 2020.
"Fica aquela pergunta: "para onde vamos?". Temos que nos reinventar. Estamos tentando buscar algo diferenciado para que a equipe passa se manter financeiramente e, quando retornar, ter condições mínimas de disputar competições e nossas meninas possam dar continuidade na ascensão delas", pontuou Damas.

Sonhos adiados


A pandemia do novo coronavírus também adiou sonhos de muitos atletas amadores, que pretendem, um dia, se tornar profissionais. No Bonsucesso Futebol Clube, que coleciona títulos em disputas de base de Juiz de Fora e região e já revelou garotos para equipes do Rio de Janeiro, o projeto de levar atletas para testes em grandes clubes foi interrompido.
 


 
– Antes da pandemia, estava com um projeto aqui de levar jogadores para o Rio de Janeiro, agora tivemos que dar uma parada. Um estava no Fluminense, outro ia para o Flamengo antes da pandemia, mas tivemos que parar. São promessas, garotos que têm um futuro. Agora é pedir a Deus, ter fé, e esperar para passar logo para voltarmos ao trabalho. Está fazendo falta – disse o treinador Walmir de Lima, ex-jogador do Tupi e que trabalha com garotos dos 5 aos 17 anos no Bonsucesso.
 
No time feminino do Divas Dom Almir, de Uberlândia, uma realidade parecida. Muitas jogadoras estavam no processo de transição do amador para o profissional. Tal cenário impacta quem estava quase lá e aquelas que almejavam – em um futuro próximo – jogar profissionalmente.
 
– Tínhamos algumas meninas no caminho da profissionalização, mas tiveram que interromper nesse momento. Quando voltar, terão que reiniciar ou reformular a trajetória de antes. Isso influencia nas que estavam no processo e também aquelas que estavam começando e se espelham nas outras, por verem a difícil realidade. Isso esfria – lamentou o treinador Alexsandro Damas.

Jogadoras do Divas Dom Almir deixam esporte de lado e focam no sustento da família durante a pandemia — Foto: Divas Dom Almir/Divulgação

A equipe feminina do Triângulo Mineiro já revelou atletas para alguns clubes brasileiros e tenta ser a ponte para um futuro melhor, seja no esporte, seja na sociedade. O treinador tenta manter a esperança e autoestima de todas, já que muitas tiveram que deixar o esporte de lado para ajudar na renda familiar durante a pandemia.
"Boa parte delas está chegando à maioridade e não tem como se manter. Muitas dependem dos pais, da família e, nesse momento, não têm tanta facilidade para se manterem através do futebol. Isso diminui a autoestima, a esperança, e lutamos para que não percam isso, mas é complicado", disse Damas, que completou:
 
– Algumas perderam o serviço, outras fazem unhas, cabelo, as maiores de 18 anos fazem serviço de entregas, por exemplo, para ajudar em casa nesse momento.

Saudade


Sem jogos de campeonatos amadores aos finais de semana, o discurso da saudade é um só. As frases abaixo, ditas por dirigentes e treinadores, exemplificam o momento.
João Batista Moreira, presidente e jogador do time veterano do Dominados, de Juiz de Fora
"Parou tudo com essa pandemia e, para nós que somos apaixonados por futebol, isso nos deixa um pouco chateados e tristes. Não podermos fazer o que mais gostamos, que é jogar futebol".

Presidente e jogador do time veterano do Dominados relata saudade dos jogos aos finais de semana — Foto: Dominados/Divulgação

Walmir de Lima, treinador do Bonsucesso, de Juiz de Fora
"Estávamos no campeonato da Liga, mas tivemos que parar tudo. Quem sente muito são as crianças. Converso com eles pelo WhatsApp, a saudade de jogar é muita grande".

Adão Costa, presidente de treinador do América, de Uberlândia
"O futebol amador gera empregos, desde o cara que vende o material esportivo, transporte com gasolina, barracas na porta dos poliesportivos... envolve muitas coisas. Nós somos apaixonados pelo futebol amador justamente por isso, é um envolvimento de muitas pessoas. Estamos malucos para montar o time e começar o campeonato".

Globo Esporte

 

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