Uma manobra para acalmar a opinião pública. E tirar a responsabilidade das costas. Depois de ouvir de Zico a dúvida se a Seleção Brasileira é um balcão de negócios, tantos os jogadores que são convocados e vendidos em seguida, o coordenador e ex-empresário Gilmar Rinaldi reagiu.
Em entrevista ao Sportv, braço a cabo da TV Globo, que convocará um Conselho de Desenvolvimento Estratégico para o Futebol Brasileiro. Trocando em miúdos, levará ex-treinadores e jornalistas para debaterem os erros do futebol deste país. Principalmente o apequenamento da Seleção Brasileira.
Em uma primeira etapa, os convidados de honra serão Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes, Carlos Alberto Parreira, Vanderlei Luxemburgo e Leão.
Com exceção de Felipão em 2002, há 13 anos e Parreira, vencedor há 21 anos, os demais fracassaram de forma incontestável na Seleção. Scolari e Carlos Alberto Parreira foram os artífices da humilhante campanha brasileira na Copa de 2014. Há pouco mais de um ano foram responsáveis pela maior derrota da história do futebol deste país, os 7 a 1 da Alemanha, em pleno Mineirão.
Luxemburgo teve de renunciar para se defender na CPI do Futebol. Corria o risco de ser preso. Em Brasília ficou comprovada sua falsidade ideológica. Até 2000 ele assinava Wanderley Luxemburgo. Com w e y. Na sua carteira de identidade havia mais. Na verdade menos. Três anos foram diminuídos para que ele se aproveitasse de quando era garoto. Ou seja, ele foi gato. Até mesmo atuando pela Seleção Brasileira de base. Ninguém gosta de lembrar dessa fase. Ainda bem que foi um lateral limitado. Se fosse melhor poderia até ter disputado uma Copa do Mundo com idade alterada.
Vanderlei Luxemburgo da Silva conseguiu fazer o Brasil perder nas quartas de finais da Olimpíada de Sidney, na Austrália. O adversário foi Camarões. E mesmo com os africanos com dois jogadores a menos, expulsos, o Brasil perdeu por 2 a 1 e foi eliminado. A única jogada diferente, que os europeus não entenderam, foi Lúcio acertar uma cabeçada em Roger durante a partida.
O que Leão pode acrescentar como treinador? Foi um goleiro excelente. Mas como técnico, não. Ficou à frente da Seleção por apenas dez partidas. Foi demitido por telefone por Ricardo Teixeira, após perder a Copa das Confederações, em 2001. O ex-presidente da CBF não quis nem encontrá-lo. Considerou seu trabalho péssimo.
Com Leão, disputando o torneio, o Brasil venceu Camarões por 2 a 0. Empatou com o Canadá por 0 a 0. Empatou com o Japão por 0 a 0. E foi eliminado, perdendo para a França por 2 a 1. E para a Austrália por 1 a 0.
O desempregado Mano Menezes fez o Brasil ser eliminado da Copa América nas quartas de final nos pênaltis para o Paraguai. E perdeu a decisão da medalha de ouro na Olimpíada de Londres. Para o México. Como não tinha mais a proteção de Andrés Sanches e Ricardo Teixeira, foi demitido, com prazer, pelo detento José Maria Marin.
O que esse quinteto de derrotados, ultrapassado pode trazer de construtivo para Dunga, Gilmar e Marco Polo? Ensinar como se deve perder? Ou o 4-4-2 de Parreira de 1994 pode ser novamente utilizado? Ou quem sabe o 3-5-2 de Felipão de 2002 seria a solução? Ou então ouvir de Scolari como foi má ideia manter seu esquema 4-2-3-1 que deu certo na Copa das Confederações e acabou sendo um imenso fracasso na Copa do Mundo, quando os adversários sabiam perfeitamente como o Brasil iria se movimentar?
Será um prato cheio ouvir as teses de quem fracassou com a Seleção. Para aprender o que não fazer. Mas isso Dunga e Gilmar sabem muito bem.
O prometido genericamente é que interessa. A presença de treinadores estrangeiros para mostrar o caminho. Até que enfim a CBF e Marco Polo del Nero perdem um pouco da xenofobia que sufoca o futebol deste país.
Que venham Ancelotti, Mourinho, Guardiola, Klopp, Sabella, Joachim Löw. Estes sim têm o que dizer. O que acrescentar. Explicar com detalhes o que Dunga já vê em teipes de jogos de seus times, suas seleções.
Esse sexteto é que interessa ao futebol brasileiro.
A iniciativa acalmará a opinião pública. Não mais como suportar o atraso tático, a visão antiquada do futebol que sempre dominou este país. Com a diferença que gerações de grandes craques disfarçavam a ruindade dos nossos técnicos. Como a fonte secou e vivemos à base de Neymar, a hora é ouvir quem sabe.
Gilmar e Dunga querem livrar sua responsabilidade de um eventual fracasso da Seleção nas Eliminatórias. Caso o Brasil continue a envergonhar os torcedores, terão os badalados treinadores como escudo. Como se suas palestras e discussões fossem mágicas. Capaz de transformar Dunga na reencarnação de Rinus Michels. Não serão.
Se Marco Polo quer mesmo fazer um bem ao futebol brasileiro, deveria buscar um dos melhores treinadores do mundo. E entregar o comando da Seleção nas suas mãos. Na Olimpíada de 2016 são até agora 42 técnicos de várias nacionalidades trabalhando no esporte amador brasileiro. E ninguém morreu.
O basquete masculino, para ficar no caso mais notório, é comandando pelo argentino Rubém Magnano. Foi graças a ele que o esporte voltou a disputar uma Olimpíada depois de 16 anos de fracasso com treinadores nacionais.
Conselho de Desenvolvimento Estratégico para o Futebol Brasileiro só terá validade quando os estrangeiros começarem a falar. Uma pena que nenhum deles fique com a vaga de Dunga. Talvez não agora. A CBF é arcaica, atrasada, sem ousadia. Quer passar vexame nas Eliminatórias, em outra Copa. Mas um dia, a seleção mais tradicional da história será comandada por um dos melhores treinadores do mundo. Infelizmente os dez melhores, pelo menos, não nasceram neste país. Por isso os grandes clubes europeus importam pés e não cérebros. Os nossos técnicos não têm nada a ensinar. Só a aprender e copiar...
Blog Cosme Rímoli