Times que recorreram a muito mais do que o jogo dentro das quatro linhas para tentar vencer
Campeonatos se decidem na bola, certo? Nem sempre, amigo. Às vezes eles são decididos na porrada, no vestiário, no doping ou no terreiro. Selecionamos times de sucesso que, em algum momento, recorreram a práticas fora das regras para levar vantagem. Nem sempre eles venceram, mas ficaram na história.
SANTOS 1963 (Doping e cai-cai)
O segundo jogo contra o Milan pelo Mundial Interclubes de 1963, no Maracanã, valia muito para Almir: ele substituiria seu maior ídolo, Pelé. Ao livro Eu e o Futebol, publicado pela PLACAR, disse que “entrou muito doido em campo”.
Em uma época em que não existia antidoping, Almir Pernambuquinho revelou ter usado uma “bolinha” (anfetamina), dada por Alfredinho, auxiliar técnico santista. Pepe não duvida que o companheiro tenha se dopado: “Ele estava fora de si”. O Santos venceu por 4 x 2, um dos gols marcado por Almir, igualando o placar da ida e forçando o terceiro jogo no Maracanã. Na partida seguinte, Almir ainda se atiraria contra o italiano Maldini para sofrer o pênalti, batido por Dalmo, que sacramentou a vitória santista — e causou enorme reclamação dos italianos.
A ficha do Santos não para aí: meses antes, depois de ver quatro atletas expulsos pelo árbitro Armando Marques, o técnico Lula pediu para Pepe simular uma contusão numa partida em que o Santos perdia por 4 x 1 para o São Paulo. “Hoje, eu diria ‘Lula, não vou cair’, mas naquela época eu simulei, sim”, diz Pepe.
FLAMENGO 1966 (Loucura e pancadaria)
“Um cara fora de campo sensacional, muito amigo, mas dentro de campo ele se transformava. Tinha que tomar cuidado, porque ele entrava pra machucar”, disse Nelsinho, que jogou com Almir Pernambuquinho no Flamengo.Em 1966, o rubro-negro e o Bangu chegaram à final do Campeonato Carioca. Na semana que antecedeu a partida, Almir suspeitou que alguns jogadores do Flamengo estavam comprados pelo Bangu. Em campo, começou a acreditar também na má-fé do árbitro Aírton Vieira de Moraes, o Sansão. Perdendo por 3 x 0 e após uma confusão com Paulo Borges, Almir perdeu a cabeça de vez. “O juiz me avisou que o Almir estava expulso. Aí ele se descontrolou e partiu para a briga”, disse Nelsinho. Almir começou a perseguir o zagueiro Ladeira, do Bangu, pelo campo, dando início a uma das maiores brigas que o Maracanã já viu e que, com tantas expulsões, acabou com o jogo ali mesmo.