O calendário de 2020 já estava estrangulado.
Estaduais, Copa do Brasil, Libertadores da América, Copa Sul-Americana, Campeonato Brasileiro, Copa América e Olimpíadas.
Fora a Recopa Sul-Americana, Supercopa do Brasil. E ainda a possibilidade de um clube brasileiro, se vencer a Libertadores, disputar o Mundial de Clubes.
Outra vez a perspectiva para os clubes mais vitoriosos disputarem mais de 70 jogos.
Há dez dias, os Estaduais começaram a ser suspensos, por ordem do Ministério da Saúde.
Não há a certeza de o fim do surto de coronavírus.
Os dirigentes estão trabalhando com a expectativa de volta dos jogos em maio.
A esmagadora maioria dos Estaduais terminariam em abril.
Ou seja, um mês depois do normal, que tanto atrapalha os clubes grandes. Principalmente os que disputam a Libertadores.
Seria impossível haver os Estaduais e o Brasileiro, com 38 datas, como costuma acontecer, desde 2003.
Daí o presidente Rogério Caboclo estar em vivendo um dilema.
E estudando anular os Estaduais de 2020, já que nenhum deles acabou. Eles retornariam normalmente em 2021, com os mesmos times.
E o Brasileiro seguiria normalmente, com 38 datas.
O blog consultou pessoas ligadas aos principais clubes de São Paulo.
A resposta foi que o caminho era mesmo o da suspensão dos Estaduais.
Mal a matéria saiu, a presidente da Federação Paraibana, Michelle Ramalho, afirmou ter ouvido de Caboclo que os Estaduais continuariam.
"Rogério Caboclo poderá convocar um novo arbitral e poderá mudar o formato, caso essa onda do vírus venha a se alargar. Com certeza alguém vai ter que espremer seu campeonato. E antes eles (o Brasileirão) do que os estaduais."
Michelle disse ter ouvido da 'boca de Caboclo'.
Só que a dirigente ou não ouviu bem ou o presidente da CBF se esqueceu da TV Globo e da pressão dos clubes grandes, como Flamengo, Palmeiras, Atlético Mineiro, Grêmio, Internacional. Muito mais interessados nas 38 rodadas do Brasileiro do que nos decadentes Estaduais.
Há o dinheiro da arrecadação, do pay-per-view, a exibição da marca dos patrocinadores. A classificação para a Libertadores.
Executivos da Globo já sabem que a pandemia adiou as Olimpíadas e a Copa América. Precisam de partidas interessantes para alavancar a audiência.
Libertadores e Copa do Brasil carregam surpresas, eliminações importantes.
Daí, a 'bola de segurança', o Brasileiro, com Flamengo, para o Rio, e Corinthians, para São Paulo, os campeões de audiência.
As cotas dos Estaduais são baixas para a emissora, que recebeu R$ 1,6 bilhão pelos jogos de futebol dos patrocinadores.
E a Globo se dispõe a pagar inteiras, mesmo com a disputa apenas de metade.
Ou seja, as Federações têm inimigos poderosíssimos.
A Globo e os clubes grandes.
Caboclo já percebeu o cenário.
E caminha para a anulação dos Estaduais.
Os importantes.
Aquelas Federações que não têm equipes na Série A e B, como a da Paraíba, podem até reivindicar para seus torneios seguirem.
Há remota chance de conseguir.
A Série C, por exemplo, é muito mais curta.
Já os das Federações com os clubes mais importantes do país, seriam um grande transtorno. E são irrelevantes diante da Libertadores, da Copa do Brasil, do Brasileiro, da Copa Sul-Americana.
A cúpula da CBF sabe.
O melhor é convencer os clubes que disputam os principais Estaduais do país a receberem as cotas integrais da Globo.
Esquecerem o torneio doméstico.
Isso com a pandemia terminando em abril.
E o futebol voltando em maio...
COSME RÍMOLI Do R7